Devagarinho, admite a saudade
Saudade de dias, horas,
minutos
Mordidas na orelha e beijos
de verdade
Deito-me a sonhar no infeliz travesseiro
Memorando teus olhos, tua
boca, apenas
Saio à procura da caneta
tinteiro
Registro teus trejeitos em
vagos poemas
E lembro-me bem dos planos que vivi
Em outros tempos, pertinho de
ti
Café na cama, brigadeiro de
panela
Meus dedos em teus lábios,
sorriso de aquarela
E o saudosismo que ora me domina
Traz na raiz incautos
sentimentos
Torta de limão, doce cheiro
de menina
Abraços que ofuscavam a dor
de meus lamentos
O tempo pra mim, sonhador, é cruel
lDesbravei os mistérios de
outros oceanos
Transitei levemente do
inferno ao céu
Traçando as rotas de meu
triste desengano
O tempo é pra quem espera
E a hora há de chegar
Só espero que madrugues,
coração de manivela...
A carroça não perdoa o passageiro devagar